Pesquisa

Apresentação

O Grupo de Estudos Theria (GETH) - Laboratório de Ecologia e Biologia das Interações - foi criado pelo Prof. Filipe Martins Aléssio e existe desde 2014. O GETH desenvolve principalmente pesquisas sobre ecologia e comportamento de pequenos mamíferos (roedores e marsupiais) e relações parasitos-hospedeiros na Mata Atlântica e na Caatinga. Como alguns métodos de pesquisa são comuns no estudo de mamíferos e da herpetofauna, notadamente através do uso de armadilhas de queda, o GETH também realiza pesquisas sobre a estrutura de comunidades de Squamata e anfíbios com a colaboração do Prof. Geraldo Jorge de Moura da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Projeto principal

Infracomunidades em fragmentos ambulantes: interações entre ectoparasitos e pequenos mamíferos na Mata Atlântica de Pernambuco

A atual proposta representa uma continuação e adaptação do projeto que já vem sendo realizado pelo GETH como atividade principal de pesquisa do Prof. Filipe Aléssio na Universidade de Pernambuco. A primeira parte do projeto foi realizada entre outubro de 2015 e outubro de 2016 contando com 11 campanhas de coleta na região de Aldeia, Camaragibe, Pernambuco. Os resultados mostram a dominância de espécies generalistas como Akodon cursor e Didelphis albiventris, caracterizadas pela abundância e adaptadas a florestas secundárias e vegetações antrópicas. As características de ambientes antropogênicos que circundam as manchas de habitat interferem na manutenção de espécies nativas em paisagens fragmentadas, uma vez que afetam a quantidade de recursos, a conectividade de populações dos remanescentes, as interações entre as espécies e a proliferação de espécies generalistas e invasoras, favorecendo o desenvolvimento de uma pressão de exclusão competitiva sobre as que não se encontram verdadeiramente adaptadas a sobreviver em matrizes perturbadas.

Se os conhecimentos associados à biodiversidade de espécies de pequenos mamíferos neotropicais progrediram recentemente via estudos de grandes amplitudes em províncias biogeográficas distintas, os determinantes desta diversidade ainda são relativamente mal conhecidos. Espera-se, através do presente projeto, aumentar o conhecimento sobre a ecologia e a história natural das espécies capturadas. Enquanto na região Sudeste do Brasil inventários de pequenos mamíferos vêm sendo realizados a mais de 30 anos na Mata Atlântica, tais levantamentos e estudos são extremamente reduzidos na região Nordeste, notadamente em Pernambuco.

O projeto contribuirá também para um maior entendimento das leis gerais do parasitismo, como a agregação e também contribuirá para examinar o papel do parasitismo como um grupo complexo de interações ainda negligênciado em estudos de ecologia de comunidades. Espera-se contribuir para a demonstração da importância crucial das características espaciais para o entendimento de uma ampla gama de fenômenos ecológicos, entre os quais o efeito de borda da fragmentação de habitats e o aninhamento em metacomunidades.

A continuação da realização deste projeto permitirá o fortalecimento do Grupo de Estudos Theria e a diversificação de suas atividades no seio do Instituto de Ciências Biológicas, particularmente direcionadas ao estudo e à conservação de espécies de pequenos mamíferos, fortalecendo relações inter-institucionais locais, nacionais e internacionais. O presente projeto permitirá a formação de jovens pesquisadores em ecologia de populações, ecologia de comunidades e também em áreas interdisciplinares como a ecoepidemiologia e a ecologia da saúde.

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Akodon cursor Didelphis albiventris Monodelphis americana Oecomys

Projetos em andamento

Portal de Zoologia de Pernambuco

Responsável: Filipe Martins Aléssio

O Portal de Zoologia de Pernambuco é um projeto colaborativo, no qual ferramentas da Internet e da cartografia permitem que estudantes, professores, pesquisadores, universitários e o público em geral contribuam na divulgação de fotos, localização e informações sobre espécies animais selvagens encontradas em Pernambuco. Como a natureza não reconhece fronteiras administrativas, é possível informar sobre a localização de espécies de qualquer lugar do planeta!

Monografias concluídas

Estratificação vertical no uso do espaço por marsupiais didelfídeos em uma área fragmentada de Mata Atlântica na Região Metropolitana do Recife

Aluno responsável: Lucas Almeida

Lucas

Estudos realizados no estado de Pernambuco sugerem que a fragmentação se encontra diretamente conectada a extinção de espécies mais especializadas de pequenos-mamíferos. Em habitats fragmentados, a partição de recursos alimentares é favorecida através da segregação espacial ao longo do estrato vertical. No Brasil, há uma fortíssima prevalência de hábitos arborícolas ou escansoriais dentre as espécies existentes de marsupiais. Em contrapartida, os padrões de estratificação de marsupiais neotropicais e suas variações regionais mostram-se pouco conhecidas. Como objetivos, o estudo analisará a ocorrência de diferentes espécies nos estratos disponíveis em fragmentos perturbados pela ação antrópica e a estratificação vertical destes indivíduos quanto ao uso do espaço, através da utilização de armadilhas live-trap contendo iscas atrativas, instaladas no solo, sub-bosque e dossel, com o auxílio de plataformas suspensas nos estratos apropriados.

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Ecomorfologia de pequenos mamíferos da Mata Atlântica, Julho 2019

Aluna responsável: Mariana Amorim Monteiro da Cruz

Mariana

As florestas trazem uma complexidade enorme de habitats e funções ecológicas associadas a si, muito disso se deve pela possibilidade de uso do espaço de forma não apenas horizontal como também vertical. Diversos organismos se distribuem nesses “andares” dentro de uma mata, explorando ao máximo os recursos do meio, inclusive o grupo conhecido por pequenos mamíferos. A ecomorfologia é uma abordagem teórica que estuda a relação entre a forma funcional dos organismos e seu meio. O objetivo deste trabalho, é, então, associar a heterogeneidade de habitats verticais com a diversidade morfológica de pequenos mamíferos em fragmentos de Mata Atlântica em Pernambuco. Para obtenção de dados, a coleta de animais será realizada com live traps do tipo Shermann e Tomahawk e medidas corporais feitas durante triagem do animal anestesiado.

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Uso de corredores de vegetação por pequenos mamíferos em uma paisagem fragmentada da Mata Atlântica de Pernambuco, Julho 2019

Aluna responsável: Mayara Kettner

Mayara

A ameaça à biodiversidade está intimamente relacionada com a modificação da paisagem natural e consequentemente a sua fragmentação. A utilização de corredores florestais para a conectividade entre fragmentos é de fundamental importância, sendo utilizado para mitigar os efeitos negativos decorrentes da fragmentação. Tal conexão favorece o fluxo de animais entre ás áreas, possibilitando a dispersão de sementes, contribuindo para a conservação da área como um todo. Os pequenos mamíferos têm desempenhado importantes papéis na manutenção das florestas, atuando como dispersores de sementes, contribuindo para sua regeneração. Desse modo, o projeto tem como objetivo avaliar a composição e a estrutura da comunidade de pequenos mamíferos em fragmentos florestais, determinando quais espécies utilizam o corredor e avaliar se o corredor promove conectividade funcional em uma paisagem fragmentada na APA Aldeia-Beberibe, no município de Camaragibe. A metodologia consistirá na captura-marcação-recaptura pelo uso armadilhas de chapa de alumínio e armadilhas de queda dispostas em 4 transectos no total. A análise de dados será através da abundância total e por espécie.

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Processo de limpeza e montagem de esqueleto completo de peixe-boi marinho (Trichechus manatus), Julho 2019

Aluno responsável: Leonardo Porto

Leonardo

Existem vários métodos de limpeza de ossos para estudos osteológicos. Para mamíferos marinhos, como o peixe-boi (Trichechus manatus), os quais possuem um espesso revestimento de tecido adiposo, os métodos tradicionais podem tornar o processo de limpeza do esqueleto muito difícil e danificá-lo. O objetivo do presente trabalho é descrever os procedimentos de preparação de um esqueleto de peixe-boi através do processo de maceração para futura exposição no Instituto de Ciências Biológicas, Campus Santo Amaro, UPE, para fins didáticos. As partes do animal foram acondicionadas em dois tonéis plásticos (200 litros) preenchidos com água até submergi-los totalmente, para que bactérias anaeróbicas removessem a carne dos ossos. Após o tratamento, os ossos foram limpos em uma solução de sabão em pó enzimático para a eliminação dos resíduos proteicos vestigiais e branqueamento das peças. Os ossos do esqueleto serão medidos e analisados e posteriormente articulados e montados para futura exposição.

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Distribuição espacial de carrapatos (Acari: Ixodidae) em fragmentos de Mata Atlântica na Região de Aldeia, Camaragibe, PE – Brasil

Aluno responsável: Mário Leandro dos Santos Ferreira

Mário

Os carrapatos são artrópodes ectoparasitas, pertencentes à classe Arachnida, que atuam como vetores de patógenos para animais domésticos e que também podem representar risco para os seres humanos, transmitindo diversas doenças. Apesar de serem parasitas obrigatórios, passam apenas parte de sua vida em contato com os hospedeiros. O objetivo desse trabalho é investigar a distribuição espacial desses animais em estágios de vida livre em fragmentos de mata atlântica próximos da ação antrópica. Como metodologia usamos a técnica de arrasto de flanela, passando um tecido branco pela vegetação por 3 trilhas de 100 m em diferentes fragmentos. A cada 10 metros verificamos a bandeira e coletamos os indivíduos que tenham se fixado ao tecido e armazenamos em micro tubos com álcool absoluto para posterior identificação.

Riqueza e abundância de herpetofauna em fragmentos periurbanos de Mata Atlântica no Nordeste do Brasil

Aluno responsável: Artur Torquato

Artur

O estudo da distribuição de de repteis e anfíbios em ambientes fragmentados como a Mata Atlântica do Nordeste brasileiro permite alcançar um melhor entendimento dos danos causados pela ação humana e como podemos conservar este bioma e sua fauna associada. O estado de Pernambuco retém cerca de 20% da mata atlântica original e ainda é possível encontrar áreas como o complexo de fragmentos do município de Camaragibe, que abrigam um grande número de espécies de fauna e flora, apesar da constante pressão consequente do desmatamento e expansão do perímetro urbano. Visando identificar as espécies da herpetofauna que ocorrem na região, o estudo será iniciado em 2018 com um total de 13 visitas a campo em 65 dias de amostragem, que será realizada por armadilhas de interceptação-e-queda e busca ativa.


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